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Água de coco: contém ou não sulfito?
sulfito,te-1353
SULFITOS
Sulfitos ou agentes sulfitantes, representados pelos dióxidos de enxofre (SO2), são aditivos amplamente utilizados na indústria de alimentos e bebidas como conservantes devido ao seu amplo espectro de ação e por serem considerados seguros para a maioria das pessoas. São conhecidos por evitar o escurecimento enzimático e não enzimático e impedir o crescimento de microrganismos indesejáveis (leveduras, fungos e bactérias), que promovem alterações durante o processamento e armazenamento desses produtos.
O sulfito de sódio (HSO3), o
metabissulfito de sódio (Na2S2O5) e o
metabissulfito de potássio (K2S2O5) são os
agentes sulfitantes mais usados pelas indústrias e podem estar presentes em
frutas, legumes e verduras prontos para o consumo, açúcar refinado, vinagre,
sucos naturais, geleia, batata frita congelada, coco ralado, camarão e lagosta
congelada, cogumelo, fruta seca, carne, conserva, vinho, cerveja desde que
dentro de limites pré-estabelecidos nas legislações.
LIMITE DE CONSUMO
O uso dos sulfitos como aditivo é controlado por
legislações específicas estabelecidas com base na segurança de uso e
necessidade tecnológica. A maioria dos países, assim como o Brasil, seguem as
recomendações do JECFA (Joint FAO/WHO Expert Commitee on Food Additives) que
estabelece a ingestão diária aceitável (IDA) de sulfitos no teor de 0,7 mg/kg
de peso corpóreo dia.
Entretanto, ainda que a adição de sulfito respeite
os valores limites permitidos, a ingestão diária aceitável de sulfitos pode ser
facilmente ultrapassada, já que estes aditivos estão presentes em alguns
alimentos e/ou bebidas consumidos diariamente pela população.
A sensibilidade de algumas pessoas ao sulfito vem
sendo motivo de estudos, mas parece ser mais comum em asmáticos,
particularmente aqueles que apresentam pólipos nasais e são sensíveis ao ácido
acetilsalicílico (aspirina), podendo precipitar crises de asma. A maioria das
reações aos sulfitos é caracterizada por broncoespasmo, ocasionalmente grave,
que pode ocorrer alguns minutos após a ingestão. Outros sintomas podem variar
entre dores de cabeça, pele vermelha, urticária, pápulas, rinite, náuseas,
vómitos, cólicas abdominais, diarreia, opressão torácica, hipotensão,
angioedema e anafilaxia
ÁGUA DE COCO
A água de coco é uma bebida muito susceptível à
deterioração microbiana e reações oxidativas, tornando-se rapidamente imprópria
para consumo, não só pela presença de microrganismos, mas pela perda de suas
características sensoriais e nutricionais (REDDY et al., 2007).
Um dos processos que se destacam para a conservação
da água de coco é o tratamento térmico de esterilização, que amplia o tempo de
vida de prateleira do produto envasado. O processo de esterilização, seguido de
envase asséptico, tem larga aplicação em unidades de processamento de água de
coco. Além do tratamento térmico, é aplicado o aditivo metabissulfito de sódio
para impedir o escurecimento devido às enzimas.
No Brasil, segundo a Resolução da Diretoria Colegiada
– RDC n° da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2014), a
quantidade máxima de sulfitos em água de coco é de 0,005g de SO2
residual /100 mL do alimento (ou 50ppm de SO2 residual). Nos Estados
Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) exige que a presença de sulfitos
seja declarada nos rótulos dos alimentos e bebidas, quando a concentração de
sulfito for ≥10 ppm de SO2 total.
DETERMINAÇÃO DE SULFITO EM ÁGUA DE COCO
O Método Monier-Williams otimizado (AOAC Método 990.28) é o único método reconhecido internacionalmente e tem sido amplamente utilizado para determinar a concentração de sulfito total (SO2) em vários alimentos e bebidas. O método permite detectar concentrações maiores ou iguais a 10 ppm, ou seja, 0,001%, e é baseado na extração de dióxido de enxofre (SO2) por destilação no bloco para determinação de sulfitos, modelo TE-1353, equipamento desenvolvido de acordo com as normas da AOAC, seguido de determinação do teor de sulfitos por titulação.
Pré-Requisitos para realização do teste
- Bloco para Determinação de Sulfitos, modelo TE-1353
- Instalação para gás N2, com tubulação e válvulas adequadas para o
mesmo
- Cilindro de N2 de alta pureza para arraste
- Próximo ao equipamento, instalar três válvulas para ajuste individual
do fluxo gasoso
Procedimento
- Assegurar que os balões (vidraria) estejam limpos e secos
- Montar o equipamento conforme descrito no manual. Recomenda-se a utilização de um banho termostatizado, modelo TE-184, ou superior, para resfriamento dos condensadores.
- Se necessário, utilizar fita veda-rosca nas juntas esmerilhadas da
vidraria, como forma de evitar vazamentos que podem levar a perdas de sulfito
- Através do funil dosador adicionar 50 ml da amostra (ou uma
quantidade que contenha de 0,5 a 1,5mg de SO2) no balão de reação do
equipamento e introduzi-los na manta
- Adicionar 400mL de água destilada ou deionizada ao balão de extração
- Adicionar 90mL de HCl 4M
- Acoplar o bico borbulhador no condensador, introduzindo-o no frasco
coletor
- Após acoplar o bico borbulhador, transferir 30mL de H2O2
a 3% para o frasco coletor.
- Abrir a válvula do cilindro de nitrogênio e ajustar a vazão corrente
de nitrogênio a razão de 10 a 20 bolhas por minuto no balão de reação, conforme
descrito na metodologia oficial. Esse
borbulhamento deve ser suave para evitar perdas durante o processo;
- Acionar a chave geral e programar a temperatura de trabalho a 150°C
ou o suficiente para promover a ebulição da mistura;
- Aquecer de modo a manter a ebulição durante 120 minutos (ou até
finalizar a extração) e não aumentar o número de bolhas por minuto;
- Desligar o equipamento;
- Adicionar três gotas do indicador e titular com solução de hidróxido de sódio 0,01 M, através de uma bureta digital ou titulador automático.
- Titular um branco de 30 mL de H2O2 nas mesmas
condições.
*Recomenda-se utilizar gelo no béquer onde o tubo de Nessler (coletor)
está inserido, com o intuito de manter a solução receptora (água oxigenada) em
temperatura baixa e evitar a perda de gases.
Cálculo:
Onde:
Va = volume da solução de NaOH gasto na titulação da amostra, em mL
Vb = volume da solução de NaOH gasto na titulação do branco, em mL
M = Molaridade da solução de NaOH
f = fator de correção da solução de NaOH
32,03 = miliequivalente grama do SO2
1000 = fator de conversão de miliequivalentes para
microequivalentes
m
= massa da amostra, em g
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água de coco é um produto bastante sensível, que
sofre mudança de cor e alteração de sabor com o processamento e o tempo de
armazenamento. O uso de sulfitos como aditivo antioxidante pode evitar a formação
de coloração marrom ou rosada na bebida, entretanto, esses produtos devem ser
submetidos a um controle de qualidade rigoroso, capaz de garantir que as
quantidades adicionadas são seguras para o consumo e estão dentro dos valores
permitidos pela legislação.
Devido a sensibilidade de parte da população ao
sulfito associada a presença desse aditivo em diversos produtos, tem se notado
uma tendência na análise e estudo desses compostos pela indústria de alimentos
e bebidas. O bloco para determinação de sulfitos, modelo TE-1353, foi
desenvolvido acordo com Método Monier-Williams otimizado, único método
reconhecido internacionalmente, tornando-o uma ferramenta essencial para
laboratórios de controle de qualidade, desenvolvimento de produtos e pesquisas.
SOBRE A TECNAL
A Tecnal tem como missão contribuir para o desenvolvimento
científico, tecnológico e com a indústria nacional e internacional por meio da
fabricação e da comercialização de equipamentos científicos, da prestação
serviços especializados e da disseminação do conhecimento.
A empresa busca crescer de maneira inovadora e sustentável, focada na continuidade e na excelência operacional, de forma a tornar-se uma referência no mercado brasileiro e internacional de equipamentos científicos. Fale conosco: telefone/WhatsApp (19) 2105-6161, e-mail: contato@tecnal.com.br ou pelo nosso site clicando aqui.
REFERÊNCIAS
AOAC. Official methods of analysis of
AOAC International. AOAC Official Method 990.28. Sulfites in Foods. Optimized Monier-Williams
Method (AOAC. Method 990.28). 21th ed. Gaithersburg (MD); 2019. Chapter 47.
Section 47.3.43, p. 39-40.
FERREIRA MOURA, E.; DOS SANTOS, I. ANÁLISE DE SULFITOS EM ÁGUA DE COCO
E SUCOS CONCENTRADOS INDUSTRIALIZADOS. Revista UNI-RN, v. 19, n. 1, p. 113, 23 set. 2019.
REDDY, K. V.; DAS, M.;
DAS, S. K. Non-thermal sterilization of green coconut water for packaging. Journal
of Food Quality, v. 30, n. 4, p. 466-480, 2007
Fidu. Alergênico: dióxido de enxofre e sulfitos. Disponível em: https://www.fidufoods.com/blogs/fidu-cia/alergenio-dioxido-de-enxofre-e-sulfitos.