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Fósforo: Mehlich ou Resina?
solos
Quando o
assunto é análise fósforo no solo, o tipo de método utilizado é uma pergunta
quase que obrigatória para esse elemento, essencial para a nutrição de plantas,
porém considerado de difícil manejo sob o ponto de vista agronômico.
FÓSFORO NO SOLO
A
dinâmica do fósforo (P) está associada a diversos fatores como: grau de intemperismo do solo, minerais de
origem, características físico-químicas, teor de matéria orgânica, atividade
dos microrganismos etc., sendo estes fatores importantes para disponibilidade
de P para as plantas.
O conteúdo
do P pode ser dividido como inorgânico e orgânico, de acordo com o tipo de
composto que este elemento está ligado. O fósforo orgânico é originado dos
resíduos vegetais, do tecido microbiano e dos produtos de sua decomposição. Quando
na forma inorgânica, o P pode estar na solução do solo, precipitado com Al3+(alumínio),
Fe2+(ferro) e Ca2+(cálcio), adsorvido aos oxi-hidróxidos
de Fe e de Al da fração argila ou como minerais primários. Na solução do solo,
os íons fosfatos podem se apresentar como H2PO4 -ou HPO4 2- , sendo formas solúveis
e absorvidas pelas plantas.
O fosforo orgânico e inorgânico presente no solo pode ser classificado como lábil ou não-lábil, dependendo do grau de estabilidade dos compostos formados e facilidade de reposição do P para a solução do solo. A fração lábil (P lábil) é representada pelos compostos capazes de repor o P na solução do solo, logo que ele é absorvido pelas plantas ou microrganismos. A fração não lábil (P não lábil) é representada pelos compostos de baixa solubilidade, precipitados ou fixados de formas estáveis e que são disponibilizadas a longo prazo. A labilidade do P no solo é influenciada por diversos fatores, tais como mineralogia, grau de intemperismo, manejo do solo, microrganismos, teor de matéria orgânica entre outros fatores.
Figura 1: Disponibilidade “Labilidade” de P no
solo.
À medida
que o fósforo em solução do solo é absorvido, ocorre a reposição de P pela fase
sólida, que está em equilíbrio entre o P da solução do solo (forma líquida). O
conteúdo de fósforo da parte sólida em equilíbrio com a solução do solo é o P
lábil. Considera-se que a fração P lábil é a determinada pelas análises do solo.
MÉTODOS DE EXTRAÇÃO
A
análise do fósforo disponível no solo é feita é realizada através de métodos
analíticos que utilizam soluções extratoras, que podem ser via dissolução
ácida, troca iônica, complexação e/ou hidrolise de cátions (GATIBONI et al.,
2003). Esses métodos tem por objetivo quantificar as de formas de P em
equilíbrio com a solução do solo. As propriedades dos solos como, teor e tipo
de mineral de argila, matéria orgânica, pH e capacidade de troca catiônica
(CTC), influenciam na disponibilidade de P e consequentemente na eficiência dos
extratores. Em resumo, a eficiência do extrator está relacionada com a fração
de P predominante no solo que a solução consegue extrair, seja orgânica ou
inorgânica.
Apesar
dos vários métodos de extração do nutriente no solo, nem sempre os valores
obtidos nas análises químicas se correlacionam com as quantidades absorvidas
pelas plantas. Dentre os métodos mais utilizados, se destacam Mehlich I e
Resina de Troca Aniônica.
- Mehlich
A
solução extratora de Mehlich 1 também chamada de solução duplo ácida ou de
Carolina do Norte, e é constituída por uma mistura de ácido clorídrico e ácido
sulfúrico. A utilização dessa solução é baseada na solubilização de P pelo
efeito do pH ácido.
A facilidade na obtenção de extratos límpidos, o baixo custo de análise e a simplicidade operacional são algumas vantagens da utilização desse método. Para essa análise é utilizado equipamentos como balança analítica, modelo SHI-AUY-220, pipetador semiautomático, dispensador, modelo TE-299, mesa agitadora orbital – Mehlich, modelo TE-145/176, espectrofotômetro, modelo ESPEC-V-5000, além de equipamentos de uso geral em um laboratório de solos.
Os
extratores ácidos dissolvem, predominantemente, o P ligado ao Ca (indisponível
para as plantas) e uma quantidade menor de P ligado ao Fe e Al. Dessa forma, a
solução Mehlich 1 pode subestimar o teor de P em solos situados em regiões
tropicais e subtropicais úmidas, altamente intemperizados, onde há predomínio
de fósforo adsorvido com oxi-hidróxidos de Fe e de Al, principais componentes
da fração argila desses solos. Um segundo problema na utilização da solução
Mehlich 1 é a superestimativa dos teores de P em solos que receberam a
aplicação de fosfato natural, que se trata fósforo ligado ao Ca, que se trata
de P não-lábil e não disponível para as plantas.
- Resina de troca Iônica
Como alternativa ao Melich 1, foi
desenvolvido o método da Resina de Troca Iônica que extrai apenas o P
disponível (ligado à Fe e Al) desprezando o P não disponível (ligado à Ca). O
método é o que tem apresentado melhor correlação à aplicação de adubos
fosfatados, já que simula o comportamento do sistema radicular das plantas na
absorção de fósforo do solo.
Este método permite a avaliação do P lábil
pela transferência de compostos fosfatados da fase sólida para a resina, por
meio de uma solução aquosa. A extração é realizada com a utilização de uma
mistura de resinas de troca catiônica e aniônica, saturadas com bicarbonato de
sódio. A resina trocadora de ânions, empregada na análise, é um produto
comercializado na forma de pequenas esferas.
No Brasil o método vem sendo utilizado em laboratórios de rotina de análise de solo. Além do espectrofotômetro, modelo ESPEC-V-5000 e equipamentos de uso geral em um laboratório de solos, são requeridos para execução do método:
- Cachimbos: com capacidade de 2,5 cm3, sendo um para solo e outro para resina (com fundo de malha de poliéster).
- Mesa agitadora orbital– Resina, modelo TE-145/360: para agitação de amostras por um período de 16 horas.
- Separador de resina, modelo TE-310/1: utilizado para separar a resina do solo e adicioná-la na solução extratora para posterior determinação dos elementos.
- Recuperador de resinas, modelo TE-308/2: Após o uso, as resinas são recuperadas para que possam ser utilizadas novamente.
CONSIDERAÇÕES
O
Mehlich é um método de uso prático, porém pode subestimar ou superestimar os
teores de P dependendo das características do solo e tipo de adubação fosfatada
utilizada. Não é recomendado para solos com teores elevados de óxidos de Fe e
Al e caulinita, como os solos de regiões tropicais, altamente intemperizados,
já que extrator apresenta baixa capacidade de extração dessas formas de P.
Entretanto, o Mehlich-1 pode ser eficiente para solos ácidos, arenosos, com
baixo teor de matéria orgânica e pobres em P -Ca
O método
Resina é mais trabalhoso, porém é menos sensível as características do solo, tendo
boa representatividade para solos ácidos ou alcalinos. Além disso, extrai
somente as formas lábeis, independente do tipo P-Ca, P-Al ou P-Fe, não
subestimando ou superestimando os teores de P.
Independentemente
do método utilizado, este deve apresentar uma alta correlação entre o teor de P
disponível no solo. A escolha do método deve envolver a análise de risco
econômico, já que o custo de fertilizantes fosfatado é um dos fatores que mais
onera a produção agrícola. Para alcançar a maior eficiência no sistema de
produção, podem ser conduzidos trabalhos de correlação e calibração que
indiquem os níveis críticos adequados de P para a situação específica de solos
e cultura da propriedade, buscando aperfeiçoar as aplicações de fertilizantes e
assim obter maior rendimento dos cultivos agrícolas.
Para mais informações sobre as análises realizadas em um laboratório de solos, baixe nosso e-book exclusivo sobre o tema.
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